Declarações de Guerra

Andando sempre em campo minado e no meio de fogo cruzado, o Atendimento não sai da mira do cliente e nem da criação. Mensageiro das bombas e também das conquistas, ele é o profissional responsável tanto por municiar a criação de informações para a realização das campanhas quanto de apresentá-las e aprová-las com o cliente.

Alguns Atendimentos velhos de guerra desenvolveram táticas bastante peculiares para tentar evitar um conflito quando uma bomba é jogada direto no QG da criação:

A Atendimento delicada (falando com sotaque paulista): Aqui lindinhoô, sei que vocês adoraram esta imagem. Mas quer fazer o cliente feliz? Troca a porrrrra desta foto e me manda de novo.

A Atendimento gatinha (miando bem mansinho): Joãozinhoooo, aqui... o cliente  gostou da proposta, mas quer ver outra opção. Você consegue fazer uma nova campanha pra mim até amanhã cedo, não consegue? Por favor...

O Atendimento lado-bom-das-coisas: Apresentei a campanha, mas não foi aprovada. Pelo menos, serviu de isca para descobrirmos o que o cliente realmente quer.

O Atendimento sem nocão: O cliente amou a campanha, fez apenas algumas alterações: o enfoque agora é outro. Não poderemos utilizar este nome para a ação. O filme não vai mais existir e ilustração vai ter que ser trocada. Mas vamos manter todo o resto. Ah, reapresentação da campanha ficou para amanhã cedo. Parabéns!

Como se vê, às vezes um conflito é inevitável.

¡Acá no hay!

Aninha tinha acabado de voltar de seu mestrado em Barcelona e se deparou com um grande desafio em sua empresa. Ela e sua equipe ficaram encarregadas de avaliar junto aos médicos e seus pacientes a aceitação de um medicamento para disfunção eréctil e elaborar a estratégia de lançamento no Brasil.

Muitas situações constrangedoras cruzaram seu caminho, infinitas demonstrações em modelos coloriram sua face de vermelho mas, apesar de todos os percalços, o lançamento do produto foi um sucesso. Animada com os resultados obtidos no Brasil, a fabricante contratou a equipe da Aninha para trabalhar no lançamento do produto no mercado argentino.

O trabalho seria gerenciado do Brasil, mas precisava de um apoio local. Aninha ligou para a agência de Buenos Aires com quem tinham um acordo operacional. No meio da explicação do trabalho, o argentino corta Aninha dizendo:- Acá no hay.
Pensando que tinha dito algo errado, Aninha explica novamente o trabalho e novamente é interrompida pelo argentino:
- Acá no hay.
Como o argentino não estava entendendo, Aninha tentar explicar de uma outra maneira e desta vez é interrompida furiosamente pelo argentino:
- ¡Acá no hay!
Bom, já com uma suspeita do que poderia estar acontecendo, Aninha pediu desculpas pelo mal-entendido e imediatamente ligou para seu sócio.
- João, acho melhor você ligar em Buenos Aires. Os argentinos jamais irão admitir, para uma brasileira, que há problemas de disfunção eréctil em seu país.

No fim, com ajuda de um intermediador, o lançamento do produto foi um sucesso mostrando que o problema até que existia na Argentina. Mas as brasileiras não precisavam saber.

De volta à infância

A última vez que fiquei tão empolgado com jogos eletrônicos foi quando fui apresentado ao Atari. Foi há muito tempo, mas descobri que ficou marcado em minha memória. Era um jogo de futebol bem limitado, tanto graficamente quanto em relação a sua jogabilidade. Só haviam três jogaodores de cada lado, que mal se interagiam e nem de longe lembram atuais jogos como o Fifa Soccer. Mas, mesmo assim, lembro-me que foi bem divertido.

Anos se passaram, o aprimoramento gráfico e a complexidade dos jogos atuais empurraram o Atari para algum canto escondido da memória. Ele ficou lá, empoeirando-se, até que conheci o Wii. Tecnicamente, eles não têm quase nada em comum. A começar pela maneira de jogar: o Wii é bem mais interativo. O jogador deve fazer os movimentos como se fosse um jogo real. Os sensores do aparelho captam esses movimentos e os transportam para o jogo. Há esforço físico. Numa luta de boxe, por exemplo, o jogador tem que socar o ar e não só apertar um botão.

Mas há duas características no Wii que me remeteram ao Atari: a primeira, e mais visível, é qualidade gráfica. A do Wii está tão abaixo de seus concorrentes que, embora também muito distante, se aproxima do Atari. A segunda, e a mais importante, é que o aparelho me fez sentir a mesma empolgação de uma criança que 20 anos atrás tentava vencer o seu primeiro desafio contra uma máquina.

Vaga privativa

Algumas áreas das ruas de Belo Horizonte já têm dono: os tomadores de contas. "Profissionais" nada especializados que atuam na área de segurança de veículos. Alguns deles trabalham com a benção e um jaleco da prefeitura, já outros, nem com isso.

A rua Santa Rita Durão, entre Afonso Pena e Ceará, foi loteada entre os "tomadores de conta" que lá atuam. Bem organizados, eles não só chegaram a um acordo sobre quem cuidaria de qual vaga, como chegaram ao ponto de pintar o nome de cada responsável nas respectivas vagas. Nesta região, por coincidência, quem não contratava os serviços destes "profissionais" corria o risco de ficar sem o retrovisor. Apenas uma coincidência.

Na mesma área, havia uma exceção, um lavador de carro devidamente cadastrado na prefeitura que não abordava os motoristas e, sim, esperava ser chamado. Ele também não cobrava para estacionar na rua e com orgulho falava: sou lavador, não "tomador".

Sexta chuvosa, parar próximo ao Palácio das Artes seria difícil. Mas, por sorte, a vaga estava lá. Bastou Joãozinho ligar a seta para o "tomador de conta" aparecer correndo.
- Pára aí não doutor, pára ali.
- Meu amigo, ali é faixa de pedestre. Vou ficar aqui mesmo.
- Tá bom doutor, mas... olha são 10 merreis adiantado.
- Dez, sem chance. E não vou pagar adiantado não, acertamos na saída.
- Não, doutor. Na saída são 3, 4 carros saindo ao mesmo tempo. Eu perco a grana.
- Gente boa, o carro não vai sair sozinho. Na saída a gente acerta.

Já alterado pela raiva, o tomador de conta avisa:
- Aqui, sou cadastrado na prefeitura e se não pagar adiantado eu não posso garantir nada.

Depois de um argumento tão persuasivo e com receio de como encontraria seu carro, Joãozinho deu um adiantamento.
- 2? Mas eu pedi 10!
- O resto eu pago na saída.

Na saída, por sorte ou pela chuva, o "tomador" já não estava lá exercendo seu ofício. Mas o carro continuava em perfeita condições apesar de abandonado pelo "vigia".

Culto

Joãozinho já viu e ouviu várias justificativas para se bombar uma peça. Desde o intrigante "não gostei" até o inacreditável "muito bom, mas está um pouco ousado. Acho que nossos clientes não gostarão." Mas quando ele pensava que nada poderia lhe surpreender, aconteceu o inimaginável.

Joãozinho fez os layouts para uma exposição de um grande artista. A aprovação de um material como esse é cansativa e cheia de idas e vindas. Além de aprovar com o cliente e com os patrocinadores, as peças devem ser aprovadas também pelos curadores. E, neste caso, eram quatro e um deles, parente do artista. Depois do material aparentemente ser aprovado por todas as instâncias, das fotos produzidas e dos arquivos começarem a ser finalizados para a produção, o curador-parente muda de opinião e diz que daquela maneira as peças não sairiam.

A justificativa não poderia ser mais supreendente. Em todas as peças, havia uma criança admirando uma obra. O curador-parente cismou que as peças mostravam uma criança cultuando o artista. Não uma simples contemplação da obra, mas sim, uma louvação religiosa, o que iria contra as convicções do artista. Ao ouvir toda a explicação do atendimento, Joãozinho não se conteve e rezou pela pobre alma perdida: "Deus, por favor perdoa-lhe. Ele não sabe o que diz."

Novos não, novíssimos.

Existem várias maneiras de se aumentar o mercado de um produto. Seja por novas formas de utilização, por estimular o uso mas freqüente ou pela conquista de novos consumidores, sempre há esperança de se conseguir vender mais.

Diminuir a idade de seu público-alvo é uma ótima opção. Principalmente se a empresa conseguir mantê-lo fiel pelo resto da vida. Nos EUA, empresas e lojas de cosmésticos estão promovendo festas de aniversário com manicure, pedicure, maquiagem leve e pintura no corpo. Nada de mais se não fosse por um detalhe. O número de velinhas no bolo variam entre 6 e 9 (The NY Times por UOL).

O que no passado era encarado como brincadeira de criança, hoje, é um mercado promissor. As crianças entre seis e nove anos se transformarão em consumidoras experientes antes mesmo de saírem do ensino fundamental. Um salão de beleza no Texas promove festas para estas garotinhas e oferece, também, um serviço de limusine. Cor-de-rosa, é claro. A bricadeira agora é de empresa grande. Esse novo comportamento é reflexo do que os especialistas chamam de Kgoy, das iniciais em inglês para "crianças se tornando mais velhas mais cedo". Em outras palavras, empresas fidelizando os consumidores mais cedo.

Denorex

Parece mas não é. Este slogan, que acompanhou minha infância pela televisão, está mais atual do que nunca. Depois do surgimento do shopping "popular", onde você encontra produtos de marcas consagradas (e de origem um pouco duvidosa) por menos da metade do preço praticado nas lojas "oficiais" e de DVDs e CDs genéricos, agora é a vez da Ferrari popular.

A polícia italiana desmantelou uma rede de fabricação e venda de Ferraris falsificadas (UOL). Foram apreendidos 16 carros, que seriam vendidos com um descontinho considerável em relação ao produto original. O preço de cada cópia variava de R$ 50 mil a R$ 120 mil, enquanto o do carro original varia de R$ 420 mil a R$ 670 mil.

A Ferrari "genérica"

Segundo a polícia, os carros eram vendidos como imitação pela internet. Além da venda de cópias sem autorização já ser um crime, algumas "revendedoras"estariam vendendo as Ferraris falsificadas como originais. Portanto, não custa nada tomar mais cuidado quando for trocar o seu carro esportivo.




Que a força esteja com você

O futuro é feito de sonhos. Ele não existe, é virtual. Quando me deparo com as inúmeras possiblidades que podem surgir com a passagem do tempo, sempre me lembro de uma frase do grande mestre Yoda que por mais preparado que você esteja, medo terá, medo terá.



Este vídeo (obtido no blog do Mapa Digital) mosta um sonho da Nokia. Distante? Talvez, mas os sonhos são poderesos. Afinal, como estariamos hoje se um homem não tivesse sonhado em voar como os pássaros?

Um estranho no ninho

Mesmo que seja por uma simples peça de roupa ou um corte de cabelo inusitado, os "diferentes" chamam a atenção e, às vezes, chegam ao ponto de incomodar os "normais" que os cercam.

O estranhamento que eles provocam chega a ser pertubador, e leva os "normais" a um série de questionamentos. Mas, às vezes, os diferentes nem são tão diferentes assim. Podem estar apenas fora de um contexto habitual. O que tem de tão diferente estar sentado, lendo um livro e tomando um café, por exemplo? Nada. A não ser se você esteja sentado, tomando um café e lendo um livro em uma das poltronas do Diamond Mall.

Sim, esta típica cena de cafeteria ou livraria desviou a atenção de todas as vendedoras da loja em frente e de alguns consumidores que paravam e se perguntavam como era possível alguém ir para um shopping ler. Divertindo-se com as indagações e com as respostas especulativas que ouvia, Joãozinho continuou lendo e tomando seu café.

E por que diabos alguém iria para um shopping ler um livro? Talvez porque Joãozinho foi deixar sua mulher na Anna Pegova e descobriu que tinha saído sem documento e sem dinheiro. Por sorte, havia um livro e alguns trocados no carro e ele achou melhor não arriscar voltar para casa e cair numa blitz. Talvez... isso é só uma especulação. Talvez ele seja simplesmente diferente.