Rumo ao Japão

Não espero uma conquista que convença como a de 76. Não espero grandes apresentações e goleadas homéricas como 76. Na verdade, não espero nada.

Enfrentarei trânsito, chuva e frio simplesmente porque torço. Torço ao menos para que o time se esforce. Que saia de campo com a sensação de dever cumprido. E, principalmente, que ao final da Libertadores levante a taça como 97.

Para quem vão vivenciou 76 e 97, segue uma pequena amostra. Dois caminhos percorridos, o mesmo resultado obtido.



O sofrido 97.



O empolgante 76.

A casas-Bahianização do varejo

Ninguém dúvida que fórmulas podem conseguir bons resultados. Tanto em provas de física ou de matemática, quanto na criação e produção de comerciais, elas são um meio válido para garantir bons resultados.

Mas, é sempre bom lembrar que podem existir outros meios e, por que não, melhores? Existem alternativas interessantes aos atores entusiasmados gritando ofertas e promoções imperdíveis nos comerciais de varejo.



Sempre há uma boa forma de fugir da padronização.

Perdeu, playboy. Perdeu.

Faltavam dez minutos para acabar o expediente quando começou a pular na tela do Joãozinho uma mensagem avisando que havia chegado um novo e-mail. O assunto não era nada animador: "Urgente!!!". Pedido com urgência de um atendimento é normal mas, em plena sexta-feira e com três exclamações, só podia ser uma brincadeira.

É claro que não era. O pedido até que era bem simples mas, para alimentar a maldição de sexta-feira, bem demorado. Diagramar 18 páginas de tabelas para um Extrato de Portaria que seria veiculado no jornal de domingo. Enquanto passava o ollho nas tabelas, Joãozinho pensava sobre a noite de quem ele iria estragar. Antes de ele acabar de ver todo o arquivo e chegar a uma conclusão, o estagiário bate em seu ombro e pergunta: "Tem mais alguma coisa pra mim?".

A maldição acabava de se concretizar.

Ai meu saco.

Há coisas que só se aprende na prática. Até ficar sem diarista, Joãozinho não tinha a menor noção que roupas se dividiam em dois grande grupos: as que podem ir na máquina e as que devem ser lavadas à mão. E, para aumentar seu espanto, suas camisas pertencem ao segundo grupo.

Apesar do esquema de revezamento montado com sua mulher, ele não estava nada satisfeito com a situação. Sempre que estava em seu turno, ficava imaginando que deveria haver uma maneira mais prática de lavar e que não estragasse a roupa. Caramba, o homem já foi até a lua e ainda não resolveu este problema?

Já estava resignado a cumprir sua pena até poder contratar uma lavadeira novamente, quando trombou com a solução: um saco de lavar. Sim, um saco. Não é nada tecnológico, nem revolucionário. Apenas um saco de tramas onde você coloca as roupas que não podem ser lavadas diretamente na máquina. Um pequeno objeto para um homem, mas um grande poupador de tempo para a humanidade.

O saco salvador.

Efeito placebo

O valor de um produto pode influenciar na percepção de seus consumidores de sua qualidade? Sim, pelo menos quando o produto em questão é o vinho. Segundo pesquisa do California Institute of Technology (UOL/BBC Brasil) o preço estampado na garrafa altera a percepção de sabor de um vinho.

Infelizmente, a pesquisa constatou que quanto mais caro for o vinho, mais agradável ele nos parecerá. Utilizaram uma técnica de ressonância magnética para mostrar as diferentes reações do cérebro das pessoas ao saborearem as duas doses do mesmo vinho. A única diferença entre as doses era que uma era apresentada como sendo 85 dólares mais cara do que a outra. Quando degustavam o vinho supostamente mais caro, a parte do cérebro que tem um papel importante na sensação de prazer ficava mais ativa. Isso demonstrou que o efeito psicológico do preço criava uma diferença real na percepção do produto.

Joãozinho também vivenciou algo parecido a essa pesquisa, mas na época não deu muita importância. Na verdade, ficou escondido em sua memória até então. Ele escutou suas tias elogiando o sabor de um vinho caríssimo ao entrar na cozinha do sítio da família. Curioso, foi até lá para experimentar o tal vinho. Quando chegou, uma de suas tias falou: "Este vinho que seu pai comprou é muito bom. Não é aquele caríssimo? Quanto foi mesmo que custou?" Meio desapontado e totalmente sem graça, ele respondeu que aquele vinho não tinha sido comprado por seu pai e, sim, por sua esposa para fazer um founde mais à noite. E que foi bom que elas gostaram porque o Goes foi baratinho, só R$ 3,69 no Carrefour. Elas poderiam beber à vontade, desde que deixassem ao menos uma xícara para fazer o founde.

Turbulência lusitana

Infelizmente, as férias de Joãozinho estavam acabando. Ele passou a última semana com sua família rodando pelo interior de Portugal e teria que voltar naquele mesmo dia para a terrinha a ponto de chegar a tempo para apresentar sua tese de mestrado. Foram para o Aeroporto de Lisboa e, como só Joãozinho tinha compromisso no Brasil, a galera seguiu viagem para Espanha naquele momento. Joãozinho ainda tomaria um chá-de-cadeira de aproximadamente oito horas até pegar o vôo de volta para o Brasil.

Sem se incomodar muito com a espera, ele guardou sua bagagem no guarda-volumes e resolveu ir até o cinema do "El Corte Inglés" para passar o tempo. Joãozinho pegou um taxi: além de barato, era o meio de transporte mais rápido disponível. Já saindo do
Aeroporto, o motorista pergunta para onde ele iria.
- Mas para qual hotel você vai?
- Não, eu não irei para hotel nenhum. Eu estou indo realmente para El Corte Inglés.
- Mas não, está errado. Você não pode ir do Aeroporto para lá. Você tem que ir para um hotel, esbravejou o taxista.
- Mas, é para lá que eu vou, respondeu Joãozinho, sem entender o motivo de tanta indignação. Afinal, o cinema ficava depois do hotel que ele tinha se hospedado, a corrida seria um pouco maior. Não tinha por que o motorista ficar tão irritado.
- Não, não pode. Está errado, repetia o taxista.
- Então, pára o carro, que vou descer aqui.
- Não, te levarei até lá, respondeu o inconformado taxista.

O dialogo acabou ali e pelo retrovisor Joãozinho percebeu que os olhos enfurecidos do motorista ainda queriam lhe dizer algo. Estes brasileiros, além de terem mania de mudar o significado das palavras, não sabem para onde devem ir. Foi a mensagem que ele imaginou antes que as piadinhas sobre portugueses atropelassem sua mente.

Sossego para meu irmão

Sempre gostei de música. Não só de ouvir, como também de tocar. A questão é que tenho uma limitação com os instrumentos de corda que muitas vezes me impede de tirar som. Não tenho a menor paciência para afinar.

Não é difícil, eu sei. Mas geralmente, quando começo a tocar e percebo que o violão não está afinado eu simplesmente desisto. Ou quando está próximo, peço para meu irmão caçula afiná-lo.

E por que o caçulinha? Primeiro porque o violão é dele. E ele deveria conservá-lo em perfeito estado de uso. E segundo, antes que me julguem um folgado, afinar o instrumento é um preço muito baixo cobrado ao meu querido irmãozinho por ele ter quebrado o meu violão.

Bem, ele não acha o preço tão baixo assim. E de tanto reclamar parece que suas preces chegaram aos ouvidos da Gibson. A empresa lançou uma guitarra que se afina automaticamente. Simples e rápida, a guitarra só tem um incomondo. O barulinho extremamente irritante da afinação. Um ponto negativo mas, muito, muito melhor que esperar que seu irmão faça o serviço.


E aí irmãozinho? O que você acha de comprar uma desta?

Nova embalagem, margem maior

Quando se trabalha com uma commodity, conseguir aumentar sua a margem de lucro é um grande desafio de criatividade. Duas boas alternativas que podem atingir este objetivo são transformar o produto em símbolo de status ou descobrir uma nova utilidade para ele.
Para a primeira alterativa, não é preciso mencionar que procedência e qualidade são fundamentais. Com os requisitos básicos, ainda é preciso abusar da criatividade na comunicação e, principalmente, na embalagem para conseguir o êxito. Quando essa estratégia é bem sucedida, pode-se, por exemplo, se dar ao luxo de cobrar cerca de R$ 50,00 (segundo revista Exame) por uma garrafinha de água mineral. Uma garrafinha de cristal, é claro como caso da Evian. 
Garrafinha de cristal da Evian

Para a segunda opção, não é preciso engarrafar a água em uma garrafa de cristal. Basta que seja engarrafada em uma embalagem mais bonita e que a nova utilidade apareça com destaque. Pode-se até diminuir o conteúdo, que mesmo assim é possível conseguir um bom preço. Sete vezes a mais, como no caso do desifentante de verduras em relação a sua irmã gêmea univitelina, a água sanitária. E com muito, mas muito menos conteúdo.
Desifentante de verduras

Palavra de chefe

As palavras não têm peso. Elas só valem quando acompanhadas dos atos. (adaptação livre do nick de uma amiga).

A publicidade também. Só funciona em sua plenitude quando a experiência do consumidor é melhor ou igual à sua promessa.

Novos Tempos

Quando ainda estudava, o mundo era dividido em três: o primeiro, o segundo e o terceiro. Basicamente, eram grupos formados por países que se deram bem no capitalismo, os que não queriam nem saber dele e os que não se deram tão bem.

Já se passaram muitas luas e essa divisão já não faz o menor sentido. Mas é irônico constatar que o segundo país de maior expressão do segundo mundo, aquele que não queria saber do capitalismo, hoje é sua grande estrela. E, o mais irônico, continua sendo governado por comunistas.

A mudança cultural foi tão grande que pode ser percebida em pequenos detalhes. Enquanto em vários países capitalistas por essência o termo mais pesquisado no Google no ano passado foi "sexo", na China, dos quatro primeiros termos mais procurados, três são extremamente capitalistas. A segunda e terceira posição ficaram com bancos chineses e a quarta com o termo ações (a primeira posição foi o serviço de mensagens instantâneas QQ - segundo a Reuters na globo.com).

A justificativa para o termo sexo não estar no topo da lista pode ser devido ao controle do governo chinês sobre o conteúdo da internet e suas campanhas para acabar com a pornografia on-line. Já a justificativa para bancos e ações estarem no topo, ainda é a mesma que era usada para se fazer a antiga divisão do globo: tentar conquistá-lo. Só que, hoje, não mais com ideologia, e, sim, com a principal arma de seus antigos adversários.

Uma boa imagem vale mais.

Faltavam algumas horas para reveillon, e Joãozinho estava em uma padaria, com sua cunhada, no centro de Uberlândia, comprando mantimentos para a celebração. Enquanto ela estava ao telefone, ele imaginava quanto trabalho ainda teria para preparar a festa, quando começou a observar o local. "Bacana isto aqui", pensou em voz alta. Uma atendente que estava por perto emendou: "Agora, depois da reforma, sim. Dá gosto comprar aqui. Por que antes da reforma, era uma tristeza. Com a reforma, o faturamento até aumentou e a gente vem trabalhar mais feliz...." A atendente falava com tanto orgulho da padaria que seus olhos até brilhavam.

Ela não estava trabalhando na tarde do dia 31 de dezembro para sua festa de fim-de-ano, a padaria também não é dela. Ela estava trabalhando na véspera do reveillon, na mesma empresa de sempre, como todos os dias do ano. Mas agora, em nova embalagem.