Direitos iguais

Era carnaval e Aninha estava, como todo mundo, pulando em Diamantina. Sempre cheia de energia, ficava subindo e descendo as ladeiras em busca de novas atrações nos intervalos entre as batucadas. Como se não bastasse toda a agitação das ruas.

Procurou tanto que achou. Mas achou tarde, a casa estava aparentemente cheia e o segurança barrava todas as pessoas que tentavam entrar. Adepta da seita que prega a utilização do sorriso como chave mestra, foi falar com o segurança. "Ei Moço, eu queria tanto entrar (olhando para dentro da casa, já substituindo o doce sorriso por uma carinha tristonha). Será que você não poderia deixar?" "Você está sozinha?", respondeu o desarmado guarda-porta. "Não". "E com quantas amiguinhas você está?", derretia-se o sujeito. "Só com mais uma pessoa." "Só uma? Vá lá buscá-la que eu deixo vocês entrarem."

Aninha não perdeu tempo. Foi para o meio da multidão e logo voltou segurando a mão de seu noivo. O segurança, olhando com desprezo para a cara do Joãozinho, colocou a mão tampando a passagem da porta e falou olhando por cima: "A casa está cheia, não pode entrar mais ninguém."

Fome de quê?

Domingo é dia de acertar as contas dos pecados cometidos. E, desta vez, as penitências foram altas. Nada de Pai-Nosso ou Ave-Maria, hoje foi dia de acompanhar minha esposa em um bazar.

No início tudo normal, várias araras cheias de roupas, por todos os lados mulheres esperimentando as peças, muito baralho e um calor infernal. O bazar foi montado em lojas fechadas de um street shopping que não deu muito certo. A estrutura é precária, não há provadores, só alguns poucos espelhos - o que forçava as mulheres a abusarem de sua criatividade para poderem esperimentar as roupas no meio de todos.

Fiquei observando o movimento para passar o tempo até que percebi algo estranho. De repente, um silêncio tomou conta da sala. A maioria das mulheres passaram a olhar fixamente e com um certa tensão para algo que estava chegando por minhas costas. Como num estouro de boiada, elas saíram correndo na mesma direção deixando tudo para trás e, como hienas famintas, atacaram uma nova arara de roupa que acabava de chegar.

Resumo

Tudo que eu queria dizer no post anterior está nesta propaganda. "Just that simple and just that hard."



Obrigado, Li.

Tudo se transforma

"Nada se perde, nada se cria. Tudo se transforma." Não sei se era aula de física ou de história, só sei que foi assim que tomei consciência sobre um dos melhores métodos de criação. A observação.



A informação está no ar. Transmitimos e recebemos dados sem nos darmos conta e o tempo todo. Conseguir captar esses dados, misturá-los com o nosso conhecimento prévio e temperarmos com problemas a serem resolvidos pode transformar toda essa massa num bolo criativo, saboroso e original. Ou em um bolo comum, daqueles que já provamos antes em algum lugar. Tudo depende do gosto do chef.



Coincidências acontecem. As informações a que estamos expostos são as mesmas, os resultados podem ser parecidos. Eu, pela qualidade e competência da agência que atende a Telemig, acredito que essa semelhança seja uma infeliz coincidência e um puta azar. E você?

Carol, obrigado pelo link.

Nós vamos invadir sua praia?

Adoro promoção. Principalmente as que oferecem recompensas. E nesta época do ano, não é só uma temporada de sol e calor, como também é tempo de promoções.

Duas me chamaram muita atenção nestes últimos dias. Estava almoçando rapidamente no McDonald's e lendo um flyer que me foi entregue junto com o sanduiche. Não lembro bem qual era a promoção, só lembro que o prêmio seria uma prancha de surf. Prancha de surf e verão, tudo a ver. A não ser é claro, que você vive rodeado por montanhas, a mais ou menos 400 km da praia mais próxima . Acho que, neste caso, ela não me incentivaria muito ao consumo não.

Fiquei pensando se essa promoção levava em consideração ou não o resto do país que não é agraciado pelo toque do Atlântico. Sei lá, você pode tirar férias nesta época do ano e aproveitar a promoção e pegar esta onda. Antes de obter uma resposta convicente, trombei com um cartaz do Gatorade no supermercado que também alardeava uma prancha de surf como prêmio de uma promoção.

Não sei se fiquei chateado ou se foi apenas inveja de não poder sair dali e correr em direção ao mar. Desisti do isotônico e acabei peguando mais algumas latas da minha coca de sempre. Com certeza a promoção não era pra mim. Ou, talvez, eu esteja apenas envelhecendo. E longe do mar.

Simples Assim

Joãozinho fez uma pesquisa para escolher um novo plano de celular que melhor lhe atendesse. Ele encontrou, em todas as operadoras que atuam em Minas, pontos positivos que chamaram sua atenção. Os planos são muitos similares mas alguns, além de proporcionarem mais economia, ofereciam generosos descontos para trocar seu antigo aparelho.

Não querendo mudar o número de seu telefone, Joãozinho foi à loja de sua operadora. Expôs seus desejos e perguntou para o atendente o que a Oi poderia lhe oferecer já que é cliente há muitos anos. Numa simplicidade, o atendente respondeu: "Nada. Trocando de plano o sr. só terá os benefícios deste novo plano. O melhor é você ligar agora para Oi, cancelar o serviço e contratar um novo aqui na loja. Assim, embora você não mantenha seu número, poderemos te oferecer, além dos benefícios do plano, um desconto de R$ 350,00 para trocar seu aparelho."

Joãozinho saiu da loja com uma única certeza. Nada como as distorções criadas por uma política de remuneração atrelada a novas adesões para fazer com que clientes antigos se sintam desvalorizados.

¿Por qué no te callas?

Sempre tive curiosidade em saber se o gasto de uma nação com a manutenção de sua Família Real valeria ou não a pena. Acho bonita a tradição, seus rituais, embora não concorde que alguns tenham o privilégio de serem sustetados pelo Estado sem dar uma contribuição equivalente.

Na verdade, além de servirem como atrativo turístico (o que não é pouco), nunca soube em quê um membro de uma família real poderia ser útil ao seu país. Ainda não sei, mas a Família Real Espanhola - que já tinha meu respeito -, ganhou minha admiração. Acho que pela primeira vez em uma Cúpula Ibero-Americana eu me senti verdadeiramente representado por um "governante". Pena que não foi o meu. Mas isso não importa. Não sei se Aznar merecia ou não as críticas que recebeu ou mesmo as defesas de seu sucessor e de Sua Alteza. Mas não tenho dúvidas que o presidente venezuelano mereceu o puxão de orelhas.

Vida longa ao Rei.

Mercenário

Ele olha as luzes apagadas da cidade. Aquela aparente tranqüilidade lhe incomoda. Não era uma situação completamente nova. Já havia participado de muitas batalhas iguais àquela, sabia o que esperar. Ele olha a sua volta em busca de rostos conhecidos. Não há. Sente a concentração e um peso no ar. Ouve conversas a suas costas. Ainda não está à vontade, olha para suas mãos, para seu uniforme, não se reconhece nestas novas cores.

Os comandos de seus antigos generais ainda martelam sua cabeça: "Amigos! O passado já era." O passado já era... Ainda não consegue ver as cores que um dia ajudou a erguer. Mas ele sabe que elas estão lá. Procura por entre as montanhas, consegue sentir sua presença, mas não as vê. Sim, eles estão lá, preparando suas armas. O campo ainda é o mesmo, o alvo também é o mesmo. Mas as cores não são. Não são só elas que são outras. Ele já não é mais o mesmo. Sua sede por conquistas aumentou.

Sente um calafrio. "Engraçado, não está tão frio". Olha novamente a sua volta, todos esperam o sinal da corneta. Acaricia seu novo cavalo: "Quantas batalhas ainda travaremos juntos?" Segura com firmeza suas novas armas. Olha, agora, além das montanhas, afasta antigas lembranças balançando a cabeça. Sem hesitar, precipita às ordens de ataque, grita expulsando para fora todos os fantasmas do passado. Parte em disparada para a cidade indefesa. Os fantasmas são silenciados pelos gritos dos que o seguem. "Será que deram o sinal?" Agora, não importa mais. Para tudo na vida há uma solução.

Esgoista sim, mas consciente

Não acho que todos os empresários são demoníacos e tenho certeza de que nem todos são santos. Mas sei que o objetivo das empresas é gerar lucro e, para isso, precisam contratar bons funcionários e pagá-los de acordo com os serviços prestados.

O problema é quando a empresa não consegue enxergar além de seus gastos. Não investe o suficiente ou até mesmo explora seus empregados. O resultado, além de não conseguir reter bons profissionais, geralmente é um produtos de qualidade inferior.

Enzo Rossi, um empresário de massas italiano, resolveu fazer uma experiência sobre o salário que pagava a seus empregados. Decidiu que ele e sua mulher viveriam, durante um mês, somente com o valor de um salário mínimo (mil Euros) para cada um. Depois de 20 dias de experiência, eles já não possuiam um centavo. Rossi encerrou o teste e imediatamente concedeu um aumento de 20% aos seus empregados. Perguntado pela revista Veja se por acaso ele seria um marxista, respondeu: "Simples - se o salário é insuficiente, os funcionários vivem sobre stress... consequentemente trabalharão mal. Quero que eles estejam bem para aumentar meus lucros. Por isso posso dizer tranqüilamente que sou um egoista."

Antes um patrão egoista consciente do que um solidário despreparado.

sah-ee-DARE-a

Lembro-me de uma conversa, dessas de tentar resolver os problemas do mundo, numa mesa de bar quando um bando de publicitários queriam descobrir qual é a vocação turística de BH. Era época de eleição e um cadidato a vereador pregava o aumento do fluxo de turistas a trabalho.

Entre um copo e outro, apareciam várias soluções: "É uma ótima idéia, mas acho que ele deveria combinar antes com os empresários. Precisamos de mais multinacionais na cidade para isto dar certo." "Nós temos a Pampulha." "Não, nosso negócio é ser uma cidade base para os turistas visitarem as cidades históricas."

É claro que, com tanta cerveja, não saíram do lugar. Nem imaginaram que uma solução poderia estar debaixo de seus narizes ou melhor, de seus copos. A sugestão veio de longe. Para quem tiver interesse, vale a pena ler o artigo do New York Times sobre a cidade. http://travel.nytimes.com/2007/10/28/travel/28next.html

Valeu pelo texto Portuga.